Entrevista ao Diário de Aveiro
– A Electrex foi criada em 1946 com que propósito? O que produzia/comercializava?
A ELECTREX foi criada por João Rodrigues de Matos, dedicando-se inicialmente a instalações elétricas, produção para a construção civil e máquinas diversas e iniciando-se a partir daí a produção das primeiras máquinas de soldadura, tendo sido pioneira em Portugal.
– Actualmente, mantém a área de negócio inicial?
Em parte, as instalações elétricas, produção para a construção civil e máquinas diversas foram logo abandonadas, para se concentrar a 100% no desenvolvimento e produção de máquinas de soldadura.
– Que evolução foi sofrendo a empresa e o sector nestas últimas décadas?
A introdução de fontes de potência inverter, a automatização e robotização dos processos, mais recentemente a digitalização no âmbito da indústria 4.0 e ao nível da segurança no trabalho.
– Todos os produtos que a Electrex comercializa são por ela produzidos?
A maior parte. Tudo o que comercializamos em termos de máquinas é de fabrico próprio, contudo também somos representantes para o mercado nacional de uma marca de máquinas de corte/plasma dos EUA, a Hypertherm, e de outras no âmbito da soldadura e corte oxigás. Comercializamos acessórios e consumíveis para soldadura, que não fabricamos. Em termos de volume de negócios, os produtos produzidos representam a grande maioria das vendas.
– Qual a taxa de exportação? Para que países?
A taxa de exportação ronda os 70% principalmente para os mercados francês, espanhol, belga, marroquino, argelino e alguns países do Médio-Oriente.
– A crise no sector da construção afectou o negócio?
Sim, tivemos uma grande quebra nas vendas e problemas ao nível dos recebimentos de clientes. Ao projetar o futuro e na gestão do presente, ainda temos essa crise em mente e tomamos medidas para que o impacto de uma nova crise seja menor na empresa.
– Existem muitos concorrentes na região? Que aspectos distinguem a Electrex dessas empresas concorrentes?
Ao nível europeu, alguns. A tendência é os produtores europeus subcontratarem a produção, aspeto onde a ELECTREX tem uma oportunidade de negócio mesmo que seja a produzir em regime de OEM. A ELECTREX distingue-se pela fiabilidade dos seus produtos, prazos de entrega curtos e a excelência em termos de serviço pós-venda.
– Como correu o ano de 2018, em termos de volume de negócios, comparativamente com os últimos anos?
2018 foi o melhor ano de sempre na história da ELECTREX. Houve um crescimento do nosso volume de negócio a rondar os 30%, diversificámos os nossos mercados de exportação, apostámos na aquisição de novos equipamentos de produção e criámos mais postos de trabalho para atender a um crescimento das encomendas de clientes.
– E quais as perspectivas para 2019?
As perspetivas para 2019 são de crescimento, contudo, como dissemos, sempre preparados para um potencial abrandamento ou estagnação da economia portuguesa e/ou europeia. Pretendemos renovar as nossas instalações e apostar em novos produtos e serviços.
– Este sector necessita de muita investigação e desenvolvimento. É fácil conseguir pessoal qualificado para desenvolver novos produtos? E mão-de-obra indiferenciada necessitam e é fácil de se conseguir?
Os nossos recursos humanos ao nível de I&D são constituídos a 100% por alunos formados pela Universidade de Aveiro. Não é fácil, mas, com uma universidade como a de Aveiro por perto, é possível. Ao nível de mão de obra indiferenciada, a oferta é grande, sendo mais fácil a contratação.