Entrevista a Luísa Coutinho
“As áreas tecnológicas, onde a procura de técnicos qualificados é superior à oferta, apresentam também para as mulheres perspectivas de carreiras profissionais interessantes e bem pagas.”
No dia da Mulher, entrevistamos Luísa Coutinho. Pelo seu percurso profissional percebemos que é possível para uma mulher singrar no mundo da Soldadura, senão vejamos: Luísa Coutinho é Diretora Executiva da Federação Europeia de Soldadura – European Federation for Welding, Joining and Cutting (EWF), consultora do ISQ (Instituto de Soldadura e Qualidade) para além de ser doutorada em Soldadura e professora e investigadora no departamento de Engenharia Mecânica do IST (Instituto Superior Técnico).
Electrex: Com tantos campos de estudo na engenharia mecânica, o que a motivou a seguir o ramo da soldadura e a fazer doutoramento nesta área?
Luísa Coutinho: Um bom professor! No Instituto Superior Técnico tive o Eng. Dias Alves, da Sorefame, como professor de tecnologia mecânica. Foi um óptimo professor que, ligava a teoria à pratica e me despertou o interesse pela tecnologia da soldadura. Mais tarde, o ISQ pôs-me em contacto com o Prof Apps da Cranfield University, onde fui fazer o doutoramento com uma bolsa da Fundação Gulbenkian.
Electrex: Uma pergunta à qual não podemos fugir: foi difícil para si enquanto mulher ingressar num mundo maioritariamente masculino?
Luísa Coutinho: É sabido que em Portugal as mulheres têm mais dificuldade em terem as suas capacidades reconhecidas e a serem promovidas nas suas carreiras profissionais do que os homens. O meu caso não foi diferente. Com trabalho, dedicação e persistência o reconhecimento acabou por chegar, primeiro a nível internacional e só mais tarde em Portugal.
Electrex: Em Abril do ano passado, disse que a Europa está em risco de implosão. Ainda mantêm esta preocupação? Que caminhos deve a Europa seguir?
Luísa Coutinho: A Europa continua a viver momentos difíceis, com um mosaico de resultados eleitorais em vários países que criam situações de instabilidade política, social e económica. O crescimento económico tem, no entanto, trazido muitos aspectos positivos. Continuo a acreditar numa Europa unida e forte.
Electrex: Que conselhos daria a jovens mulheres que querem seguir o ramo da soldadura seja como área de estudo académico seja como soldadoras propriamente ditas?
Luísa Coutinho: A soldadura e de um modo mais geral as tecnologias de fabrico, não são áreas apelativas para as mulheres. Estou agora no Brasil e hoje visitei o Senai – Centro Tecnológico de Solda, uma escola de formação profissional de referência no Brasil. Um dos aspectos referidos na reunião com a Direção foi a necessidade de dar a conhecer as opções profissionais da soldadura às estudantes do ensino secundário. Abordamos diversas iniciativas nesse sentido implementadas por Institutos de soldadura da Europa.
As áreas tecnológicas, onde a procura de técnicos qualificados é superior à oferta, apresentam também para as mulheres perspectivas de carreiras profissionais interessantes e bem pagas.