Kerllem – uma história inspiradora

  • Março 8, 2023

No Dia da Mulher, entrevistamos uma soldadora com uma história inspiradora: Kerllem Gonzaga Lopes, mãe de 2 filhos e que está num mundo maioritariamente masculino, mas que afirma que a profissão de soldador não é muito pesada para uma mulher porque “fazemos o que amamos”. 

Deixa um conselho a mulheres que queiram ingressar no mundo da soldadura: “Que saibam que vai ter dias bons e ruins e façam com amor e dedicação que tudo corre bem”.

Electrex: O que a motivou a seguir a carreira de soldadora?

Kerllem: A morte de meu marido e ter dois filhos pequenos para sustentar foi o que me motivou. Mas eu já conhecia a soldagem (soldadura), porque meu pai tinha uma pequena fábrica de carroceria de camiões, mas passei a trabalhar diretamente com solda (soldadura) industrial somente em 2008 com a morte de meu marido. Aí fui para o nível profissional e depois a história é muito longa. Mas como costumo dizer não foi eu que escolhi a solda (soldadura) foi a solda (soldadura) que me escolheu.


Electrex: Uma pergunta à qual não podemos fugir: foi difícil para si enquanto mulher ingressar num mundo maioritariamente masculino?

Kerllem: Não foi difícil para mim porque nasci e cresci no meio masculino. Com meu pai e meus dois irmãos sempre trabalhei com eles e sempre tive no meio dos funcionários do meu pai que eram todos homens. Para mim quando fui para área industrial não fez muita diferença, o ambiente era igual. Minha família foi minha base, meu pai, meus irmãos, meu marido e meus dois filhos me ensinaram ser quem sou eu.

ElectrexQual a reação das pessoas quando lhe perguntam a profissão e a Kerllem diz que é soldadora?

Kerllem: A reação sempre é de espanto. “Uma mulher soldadora”. Eu sempre sorrio porque dizem sempre a mesma coisa: é uma profissão de homem muito pesada para uma mulher e eu respondo assim que não porque quando fazemos o que amamos. Não é pesada e eu amo minha profissão e sou muito grata por tudo.


Electrex: Que conselhos daria a jovens mulheres que querem ser soldadoras?

Kerllem: Que não desistam no primeiro obstáculo. Que saibam que vai ter dias bons e ruins e façam com amor e dedicação que tudo corre bem. A soldadura é prática, todos os dias estamos aprendendo e fico feliz por ter mais mulheres a ingressar nessa profissão.

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Isabel Ferreira – soldadora de profissão

  • Março 7, 2019

“não tive problema algum em integrar-me num ambiente masculino, aliás nós fardados somos todos iguais”

Aproveitamos o dia da Mulher para entrevistar uma soldadora. Isabel Ferreira é uma soldadora profissional numa metalomecânica de Viana do Castelo que afirma ter o privilégio de fazer o que gosta.

Electrex: O que a motivou a tirar o curso de Técnica de Soldadura?
Isabel Ferreira: O meu pai, a profissão dele era soldador, e daí o meu interesse desde pequenina por esta área.

Electrex: Uma pergunta à qual não podemos fugir: foi difícil para si enquanto mulher ingressar num mundo maioritariamente masculino?
Isabel Ferreira:Enquanto fiz o curso não, para mim o meu maior obstáculo foi quando procurei estágio em que as empresas me fecharam portas por não estarem preparadas para receber mulheres, falo a nível de condições, não há balneários femininos. Quando consegui estágio posso dizer que fui muito bem recebida e não tive problema algum em integrar-me num ambiente masculino, aliás nós fardados somos todos iguais.

Electrex: Qual a reação das pessoas quando lhe perguntam a profissão e a Isabel diz que é soldadora?
Isabel Ferreira: A maior parte das pessoas fica admirada, outras questionam-me se não tenho medo de partir as “unhas” (risos). Outras como sabem que o meu pai era soldador dizem que ele deve ter orgulho por lhe ter seguido as pisadas. É normal as pessoas terem estas reações, em Portugal as mentalidades ainda estão muito fechadas.

Electrex: Que conselhos daria a jovens mulheres que querem ser soldadoras?
Isabel Ferreira: Acho que as mulheres se realmente querem seguir esta área devem arriscar, independentemente do que outras pessoas possam pensar ou dizer. A melhor coisa que me aconteceu foi conseguir trabalhar nesta área onde me sinto realizada. Muitas pessoas levantam-se de manhã e parece que vão contrariadas trabalhar, eu vou contente porque juntei o útil ao agradável.

Entrevista a Luísa Coutinho

  • Março 7, 2018

“As áreas tecnológicas, onde a procura de técnicos qualificados é superior à oferta, apresentam também para as mulheres perspectivas de carreiras profissionais interessantes e bem pagas.”

No dia da Mulher, entrevistamos Luísa Coutinho. Pelo seu percurso profissional percebemos que é possível para uma mulher singrar no mundo da Soldadura, senão vejamos: Luísa Coutinho é Diretora Executiva da Federação Europeia de Soldadura – European Federation for Welding, Joining and Cutting (EWF), consultora do ISQ (Instituto de Soldadura e Qualidade) para além de ser doutorada em Soldadura e professora e investigadora no departamento de Engenharia Mecânica do IST (Instituto Superior Técnico).

 Electrex: Com tantos campos de estudo na engenharia mecânica, o que a motivou a seguir o ramo da soldadura e a fazer doutoramento nesta área?
Luísa Coutinho: Um bom professor! No Instituto Superior Técnico tive o Eng. Dias Alves, da Sorefame, como professor de tecnologia mecânica. Foi um óptimo professor que, ligava a teoria à pratica e me despertou o interesse pela tecnologia da soldadura. Mais tarde, o ISQ pôs-me em contacto com o Prof Apps da Cranfield University, onde fui fazer o doutoramento com uma bolsa da Fundação Gulbenkian.

Electrex: Uma pergunta à qual não podemos fugir: foi difícil para si enquanto mulher ingressar num mundo maioritariamente masculino?
Luísa Coutinho: É sabido que em Portugal as mulheres têm mais dificuldade em terem as suas capacidades reconhecidas e a serem promovidas nas suas carreiras profissionais do que os homens. O meu caso não foi diferente. Com trabalho, dedicação e persistência o reconhecimento acabou por chegar, primeiro a nível internacional e só mais tarde em Portugal.

Electrex: Em Abril do ano passado, disse que a Europa está em risco de implosão. Ainda mantêm esta preocupação? Que caminhos deve a Europa seguir?
Luísa Coutinho: A Europa continua a viver momentos difíceis, com um mosaico de resultados eleitorais em vários países que criam situações de instabilidade política, social e económica.  O crescimento económico tem, no entanto, trazido muitos aspectos positivos. Continuo a acreditar numa Europa unida e forte.

Electrex: Que conselhos daria a jovens mulheres que querem seguir o ramo da soldadura seja como área de estudo académico seja como soldadoras propriamente ditas?
Luísa Coutinho: A soldadura e de um modo mais geral as tecnologias de fabrico, não são áreas apelativas para as mulheres. Estou agora no Brasil e hoje visitei o Senai – Centro Tecnológico de Solda, uma escola de formação profissional de referência no Brasil. Um dos aspectos referidos na reunião com a Direção foi a necessidade de dar a conhecer as opções profissionais da soldadura às estudantes do ensino secundário. Abordamos diversas iniciativas nesse sentido implementadas por Institutos de soldadura da Europa.
As áreas tecnológicas, onde a procura de técnicos qualificados é superior à oferta, apresentam também para as mulheres perspectivas de carreiras profissionais interessantes e bem pagas.

 

 

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